Veja dicas para manter o sistema digestivo em ordem
A enfermidade pode, atualmente, ser identificada com bastante segurança e antecedência. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), Sérgio Bizinelli, já é possível detectar a doença de maneira precoce por meio da endoscopia baixa ou colonoscopia, um exame rápido e indolor e que gera grande possibilidade de cura.
— Se existissem programas no SUS para o incentivo do exame, menos pessoas morreriam por causa dessa enfermidade — afirma.
Os sintomas podem ter intensidade distinta. Variam de mudança do ritmo intestinal, com prisão de ventre ou diarreia sem causa aparente, ou anemias sem motivo. A pessoa que evacua uma vez ao dia e repentinamente passa dias sem evacuar ou que vai ao vaso muitas vezes no mesmo dia sem que tenha alterado a alimentação deve suspeitar de algum problema. Essa alteração no ritmo intestinal é um alerta para que se procure logo um médico.
Variações não visíveis
As variações no funcionamento normal do organismo também mudam de acordo com a localização do tumor. Se ao lado direito do abdômen, o mais comum é um quadro de fraqueza, anemia e diarreia. Quando do lado esquerdo, há maior probabilidade de prisão de ventre.
Já o câncer no reto tem como principais indicativos o sangramento e a vontade recorrente de ir ao vaso. Nesse caso, é comum o paciente confundir o problema com hemorroida, o que mascara a doença.
Mas há diferenças: em casos de hemorroidas, o sangue vivo não se encontra misturado às fezes, característica presente no sangue ocasionada pelo câncer. Como é complicado para o paciente distinguir entre um e outro, a indicação é procurar um médico em caso de sangramento.
Para Bizinelli, o Brasil deveria investir em campanhas de prevenção dos cânceres do aparelho digestivo, assim como ocorre com a mama e a próstata.
— Com a colonoscopia, conseguimos ver todo o intestino grosso. Podemos até retirar um pólipo, que é a formação de verruga na parede do intestino ou reto e que pode evoluir para um tumor, que é encaminhada para a biópsia — detalha o especialista.
Nem todos os casos de pólipos evoluem para um tumor, mas 95% dos casos de neoplasias do cólon provêm da formação de pólipos, como explica Bizinelli.
Se um pólipo é retirado, o repouso é de apenas 24 horas. No Brasil, o câncer no intestino é o quarto mais frequente nos homens, atrás apenas do câncer de estômago, de pulmão e de próstata. O desenvolvimento do câncer colorretal leva de 10 a 15 anos, segundo estimativas. Por isso, a maior incidência ocorre a partir dos 60 anos. Quanto mais casos na família, maior o risco de desenvolver a doença.
A eficiência da endoscopia
O endoscopista digestivo e diretor da Sobed de Minas Gerais, Jairo Silva Alves, lembra que os cânceres de esôfago, de estômago e de duodeno também podem ser diagnosticados por uma endoscopia alta. O tumor no esôfago é o mais recorrente entre os três órgãos e, geralmente, muito perigoso, pois se desenvolve silenciosamente.
— Existem alguns métodos para o diagnóstico, mas o mais seguro e eficiente é a endoscopia. Até porque permite intervenção imediata. O aparelho endoscópico permite inserirmos uma pinça para retirar o pólipo ou aplicar um medicamento — garante.
Dieta saudável
A alimentação está intimamente ligada ao surgimento tanto do câncer de intestino quanto do de esôfago. Gordura animal, refeições pobres em fibra e ricas em corantes favorecem a incidência. Os corantes liberam nitrosaminas no intestino, substâncias reconhecidamente cancerígenas, presentes numa série de produtos industrializados.
Na dieta rica em gordura, destacam-se as carnes gordas, a manteiga e os queijos amarelos. A gordura da carne vermelha, os alimentos salgados e os defumados também têm substâncias carcinogênicas e devem ser evitados.
Invista em frutas, verduras e em uma dieta rica em fibras.